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sexta-feira, 19 de julho de 2013

A origem do Tambacu

Ao longo da história do ser humano, podemos observar que num primeiro momento ele convivia com a natureza, retirando produtos naturais e utilizando-os a seu favor. Num segundo momento, esta relação já não é a mesma. O que vemos é que o homem busca controlar a natureza por meio do conhecimento científico. Sendo este tão elaborado, que permite a nós intervir diretamente em processos naturais. Graças a isso, nossos campos de plantações são cada vez mais produtivos, melhorando até a produção de energia por meio do bagaço de cana por exemplo.
 A tecnologia científica também foi utilizada no cultivo de peixes, com o objetivo de elevar a produtividade de fazendas aquícolas.
O Tambaqui (Colossoma macropomum) é uma espécie endêmica da bacia amazônica que chega facilmente aos 30 quilos. Alimenta-se de frutos e sementes que caem das árvores em florestas alagadas, mas é considerado um onívoro (alimenta-se tanto de material de origem vegetal quanto animal). Como outras espécies que habitam a bacia amazônica, como a Pirarara (Phractocefalus hemioliopterus), estes peixes são adaptados ao meio ambiente que vivem, e portanto, são animais de águas com temperaturas elevadas em relação aos que habitam as águas das bacias do sudeste, como o Pacu (Piaractus mesopotamicus).


Fig. 1, Tambaquis de amigos pescadores

Fig. 2, Pirarara

Fig. 3, Pacu




Devido a sua elevada aceitação no mercado e bons valores de comercialização, o Tambaqui tornou-se uma espécie a ser cultivada em tanques escavados em terra e em tanques-rede. Devido a este interesse, ocorreram tentativas de cultivar o Tambaqui na região sudeste do Brasil, porém sem muito sucesso devido a uma elevada taxa de mortalidade, que sempre ocorria nos meses do inverno, em que a temperatura da água ultrapassa valores inferiores a 17°C. Já o Pacu, largamente cultivado aqui no sudeste, não apresenta estas elevadas taxas de mortalidade. Assim, pesquisadores e produtores experimentaram unir o grande porte do Tambaqui à resistência ao frio do Pacu. Os pesquisadores contaram com o fato de haver uma compatibilidade que permitisse unir o espermatozóide do Pacu com os ovócitos do Tambaqui. Mas nem tudo são flores. O Tambacu é uma espécie híbrida, incapaz de se reproduzir.
Desta forma, ao cruzar a fêmea do Tambaqui com o macho do Pacu, surgiu o Tambacu, um peixe que apresenta um bom desempenho zootécnico, com elevado ganha de massa corporal, podendo crescer até 1 quilo ao ano em ambientes com densidade de 1 indivíduo por metro quadrado e com uma maior resistência a baixas temperaturas em relacão ao Tambaqui.

Fig. 4, Tambacu

Devido a isso, a maior parte dos pesqueiros da região sudeste, principalmente os da região de São Paulo e seu vasto interior, apostam em povoar seus lagos com Pacus e Tambacus. Felizmente, existem alguns casos de pesqueiros no interior de São Paulo que apostaram em adquirir exemplares de Tambaqui e Pirarara e estão tendo sucesso, sofrendo com baixas taxas de mortalidade.
Mesmo com a maior resistência a baixas temperaturas, o Tambacu diminiu sua atividade, em resposta ao frio, tendo sua pesca dificultada no inverno. Devido a isso, não conte com pescarias fartas entre os meses de junho ao meio de setembro. Para melhorar suas capturas, aposte em regiões mais rasas dos lagos, local em que a água pode esquentar mais rápido em relação as regiões profundas. Uma alternativa também é utilizar iscas que afundem na coluna d'água, como massas (massa de beijinho, que leva leite condensado e leite em pó) e até pedaços de goiabada. Curioso não? Ao longo do tempo em que pesco, ficou nítido para mim que os peixes de cativeiro apresentam um grande interesse por iscas doces.
 No frio, caso você aprecie, aposte em espécies que são adaptadas, como as grandes carpas que são amplamente introduzidas nos pesqueiros e lagos de sítios, utilizando massas específicas para carpas, com essências de batata doce, banana e mel.


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